sábado, 21 de julho de 2012

A freguesia da Gave e a sua igreja paroquial: origens históricas

Igreja Paroquial da Gave (Melgaço)

A freguesia da Gave está localizada no lindíssimo vale do rio Minho. Estende-se graciosamente em socalcos pelas encostas montanhosas da serra de Peneda, desde o leito do rio Mouro, até ao alto da Serra, de onde se obtém uma esplendorosas vista panorâmica.
Lá no alto, estão como testemunhas da extraordinária beleza as Brandas ou Verandas.
Em Verandas da Aveleira e do Covelo, localidades onde estão muitas moradias de verão, que serviam ao mesmo tempo de casas de veraneio e de região para a pastorícia e agricultura.


Do núcleo maior de moradias da freguesia, onde se encontra também, a igreja paroquial, a antiga escola e a sede da junta, desfruta-se igualmente, das vistas panorâmicas impossíveis de serem esquecidas, por quem tenha o privilégio de conhecê-las.

Gave está circundada pelas seguintes freguesias vizinhas: no lado norte, a partir da outra margem do rio mouro, Cousso. No nascente, Parada do Monte. Do concelho arcos de Valdevez, as freguesias de Sistelo e da Gavieira são os limites a sul. Do concelho de Monção, a freguesia de Riba de Mouro está a demarcar o lado poente.
Gave compõe-se dos seguintes lugares: Baldosa, Listedo, Costa, Sobreira, Lameiro, Chãos, Barroca, Cofares, Ferrão, Pias, Lage, Coelhos, Senhora do Alívio, Igreja, S. Cosme, pombal, Serdeiral, Vale, Prolteiro, Eiriz, Barreiros, Nogueira, Covelo e Aveleira.
O topónimo Gave pode ter várias origens. Entre algumas possíveis, temos as seguintes hipóteses de nomes para apreciação: Gave seria segundo a opinião de alguns autores, uma corrupção de Gavião, ou de Gávea, Gávia, Gábea, Agabre ou Agrabe. Ou ainda Cávia ou Cávea. Pela proximidade com a Gavieira podia, por isso, ter também, uma das origens para o nome.
Parece merecer uma boa aceitação, a hipótese do nome Agrabe ou Agabre, palavra do Latim Grave, que quer dizer ”pesado, custoso, penoso, doloroso”. Porque, era dificultoso, carregando o que quer que fosse, atingirem-se os locais desta região.
A antiga freguesia de Santa Maria de Gave, vigairaria do reitor de Riba de Mouro, no termo de Valadares, pertenceu a este antigo concelho até 24/10/1855 quando passou para o de Melgaço.

A igreja de Gave não se encontra referida na documentação que Avelino Jesus da Costa estudou para fundamentar a história da Comarca Eclesiástica de Valença. Esta omissão está patente quer na relação de 1258 das igrejas de Entre Lima e Minho pertencentes ao arcebispado de Tui, quer nos diversos Censuais do Arcebispado de Braga (1514, 1545, 1551). Só em 1758 e pelas ‘Memórias Paroquiais’ se fica a saber que “Gavia he aldeia e parochia do termo da villa de Valadares, na comarca de Valença” (IANTT, 1758). Em 1798, pelo censo da Província do Minho, Gave tinha 100 fogos e 423 habitantes rendendo 500$000 reis de dízimos para o Abade de Riba de Mouro (Alves, 2000).

 

A sua igreja paroquial constitui-se como um templo com enquadramento rural, inserido em espaço murado que incorpora adro fronteiro. Desenvolve-se longitudinalmente em planta constituída por nave e capela-mor, à qual se adossou, do lado sul, um corpo pertencente a capela. Coberturas diferenciadas a uma e duas águas.
É construído em alvenaria autoportante de granito aparente, de aparelho irregular e juntas argamassadas.
Fachada principal, voltada a poente, ladeada por robustos cunhais pilastrados, encimados por urnas, que suportam cornija angular com perfil ‘papo de rola’tendo cruz latina no vértice. A porta, axial, apresenta padieira encurvada com moldura em cortina e é encimada por um óculo polilobado que centra o espaço até à cornija. Torre adossada à esquerda da frontaria, num plano ligeiramente recuado, com dois registos separados por cornija e cunhais pilastrados. No último registo, campanário de quatro sineiras com coroamento por cúpula bulbosa rodeada de urnas em cada extremo.

Informções recolhidas em:
ALVES, Lourenço - Arquitectura Religiosa do Alto Minho. II - Séc. XVIII ao Séc. XX, Escola Superior de Tecnologia e Ciências Humanas/Instituto Católico, Viana do Castelo, 2000.
CAPELA, J. Viriato (Coord.) - As Freguesias do Concelho de Melgaço nas «Memórias Paroquiais» de 1758. Alto Minho: Memória, História e Património, Ed. C. M. de Melgaço, Melgaço, 2005.
http://acer-pt.org/vmdacer/index.php?option=com_content&task=view&id=254&Itemid=65

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